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A canção de Variata
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A LITERATURA É UMA ILHA de palavras cercada de branca solidão por todos os lados. Ilha de secessão, ilha artificial, ilha inautêntica, já há muito povoada, porém sempre reinventada. Enseada de imagens, é na linha tênue que a separa do vazio que ela esconde seu enigma de existir. Por mais que dentro dela haja quantos habitantes houver, haja sua fauna e sua flora, a literatura, em essencial solidão, nunca deixa de ser ilha. Incertos por descobri-la, leitores náufragos à sua espera, tomados de assalto em pleno mar ou desviados do circum-navegar, somos todos ao deixar o porto firme onde um dia o tesouro de nossas concretas evidências foi guardado. É na ilha que João Pescador busca reencontrar a dimensão perdida de sua existência. Se ele a perdeu no real (a verdade do mundo não mais se realiza), ele a busca na resiliência da ilha. Mas o que lá se encontra, se da ilha só nos resta a literatura, arquipélago de fragmentos? Exsurge então Variata: semeando torpores ao vento, doçura de menina, assombro de dilúvio ancestral, catástrofe de todos os ciclos, anuncia um talvez renascimento. Quando estou só, não sou eu que estou aí e não é de ti que fico longe, nem dos outros, nem do mundo (Maurice Blanchot). Eu sou o que não é, aquele que cometeu secessão, o separado... (Idem). A canção de Variata é um chamado à perscrutação da ilha interior, essa que está aí, mas que nunca se encontra: A ilha ninguém achou / porque todos a sabíamos (Invenção de Orfeu). Caio Souto.
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