À Outrance!
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Poucas imagens são tão evocativas como o duelo, um combatente de cada lado defendendo sua honra ou aquilo que considera certo e justo. Essa descrição básica serve tanto para ilustrar um procedimento judicial quanto a cena climática de um filme ou o cliffhanger no final de temporada de uma série. Daí se percebe que há algo nos duelos que se comunica com o psicológico, uma ressonância com o passado mais remoto, que ao mesmo tempo justifica e atrai na visão de uma disputa entre iguais como forma de resolver problemas, sem interferência de outrem. Se foram os dias em que Rolando sopra sua corneta e desafia a passagem dos traiçoeiros mouros, assegurando a retirada do exército carolíngio na passagem de Roncesvales. Idos também são os dias em que o jovem d’Artagnan se envolve em intrigas e aventuras pelo Velho Mundo, ou que Hernán Cortés ajudou na conquista do Novo. Porém, algo de comum se encontra nessas histórias, uma qualidade que nos leva a conhecê-las séculos depois. O respeito a acordos e desentendimentos resolvidos, somente entre os envolvidos é ainda algo central nas sociedades, ilustrando que as ideias que regem os duelos são praticamente um arquétipo. Mais importante, talvez só a aspiração à autodeterminação, capacidade de governar a si mesmo e aos próprios assuntos, um dos valores mais importantes para a sociedade contemporânea. Toda essa visão, manifestada nos duelos, mostra que sua história e análise pode nos ensinar muito, até sobre nossa própria natureza.
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