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O principal personagem dos romances de Knust Hamsun é o próprio autor refletido em várias projeções de si mesmo. De seu sofrimento - e como conheceu ele todas as gamas e cores do infortúnio! - extraiu o sentido e a filosofia, bem como o enredo e a história dos livros que escreveu. Em Fome se encontra especialmente o escritor confundido com o seu personagem. Tudo quanto ele define aquele intelectual - suas aspirações e amores, seus sonhos e descrenças, suas alegrias e choques - aparece nesse romance de fato sedutor, na verdade único, em que o pobre diabo se apresenta aos nossos olhos não como uma criatura caída em abjeção, em dissolvência moral, mas como alguém de quem se deve compadecer e lastimar e ao mesmo tempo admirar ou até mesmo invejar. Foi o exercício da vagabundagem - no caso um fecundo laboratório em que o romancista colheu as suas experiências dos homens e do mundo para definir a sua própria personalidade - que permitiu a Knut Hamsun apreender numa visão ampla, perfeita e otimista os enigmas da vida, compreendendo-os em sua extensão e profundidade.
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