O último trem vai partir
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Li, com muito prazer, os escritos sobre sua infância/juventude e sua cidade ou aldeia ou lugarejo, como se costuma chamar esses arruados por onde passava um trem. Macabuzinho nada mais é do que um porto na curva do rio e a parada do trem, situado em Conceição de Macabu/RJ, onde o autor, memorialista vocacional, descreve aspectos de sua sociedade e mostra, com a exatidão de um pintor ou fotógrafo, os cenários que trazem para o presente acontecimentos e riquezas de fatos históricos.Sem pretensão de fazer uma análise literária, mas com a alegria de quem participou vivenciando fatos da realidade descrita, devo dizer que aí está um escritor. Seu estilo é enxuto, descritivo, como deve ser um documentário, além de leve e carregado de humor. Vale também como uma análise econômica da formação fundiária da maior parte de nosso interior. Em seus relatos, há uma nota de valor demográfico: as famílias numerosas, que antes valiam como força produtiva, hoje foram substituídas por máquinas. O Rio Macabu, fonte de riqueza, e a estrada de ferro cheia de vida e progresso, extinta pela ótica enviesada de governantes que visavam ao lucro e ignoravam as pessoas, foram os protagonistas do lugarejo. O apito do trem ficou carregado de saudades. O conjunto de fatos que o autor nos apresenta e com os quais nos presenteia é, antes de mais nada, uma história de lembranças e do quanto a aldeia permanece significante e ativa para aqueles que a tiveram como berço. Mareda Fiorillo Bogado.
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