Regime militar e além: Retrato e identidade de um jornalista
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Como apresentar esse texto de memória indesejável junto a fatos cuja lembrança trazem algum laivo de equilíbrio? é a pergunta que me faço sem obter resposta além desse texto como texto; afinal haverá alguma coisa real ou imaginária além da narrativa em frente do leitor? fico desse lado me perguntando sem resposta. Fatos são fatos, censura é censura, tortura física ou intelectual é tortura para quem viveu o ato de censura; para o estranho tudo pode ser estrangeiro e sem sentido, como bem nos demonstrou Albert Camus em L’ Étranger. Afinal como viver um ato de censura do governo Vargas em 1937, os atos de censuras da política de MacCarthy, ou do governo militar de 1964, se o leitor não teve nenhum contato com aquele momento e se se está fora dos fatos, fora do texto que tenta narrar aqueles momentos, é uma tarefa que deixa de ser factual. Para esse folhetim, planejei um extenso livro, até com entrevistas, anos atrás, mas fui desistindo da escrita e suas redundâncias históricas. Foi, então, que pensei um fragmento de memória de minha vida como jornalista: apenas um fragmento voltado para o que a mente me revelava, em seu processo narrativo. Nada fixo, mas tudo profundamente real. Certamente serei acusado de simplista, de não cuidar dos horrores da ditadura, dos que morreram com um só tiro na testa, dos e dos. Poderia ter tentado contar através de entrevistas, como a planejada com o companheiro Edson Argolo que insistia em não se materializar; mas decidi ou foi decidido que a história seria contada por outros que até sofreram mais que eu sofri; embora não tenham chorado no exílio ao ouvir estava à toa na vida de A Banda de Chico Buarque, com minha gente sofrida, nas ruas de Munique. Assim, esse pedaço de mim está encarnado como navalha na carne, justo ao lado da censura física ao teatro de Plinio Marcos em seu ato de conceder voz aos marginalizados. Se escrevesse algo de cunho acadêmico o faria a partir dos atos de teatro, teatro de opinião e arenas de revoltas, junto às
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